Vi um cara falando sobre essa ideia: PENSAMENTO SOCIAL. É uma forma de pensar na qual relacionamos nossos planos pessoais com o efeito social que ele pode ocasionar. Na prática, é mais ou menos assim: o cara tem a ideia de fazer um curso de medicina, sei lá, e lá pelas tantas, ele já está pensando na função que ele teria como médico relacionando-se com pessoas, como iria ajudá-las, entendê-las, relacionar-se com elas...
Em uma frase: a sociabilidade existe no mundo real e também no mundo da imaginação.
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É por isso – e muitas outras coisas – que a cabeça de um professor nunca para. Nós estamos sempre pensando em conteúdos, didáticas, etc., e em segundo plano, nosso pensamento se volta a função social daquilo que ensinamos. Além desta preocupação de ordem pedagógica, temos a convivência em si. A toda hora somos assaltados por ideias que vislumbram um bom relacionamento na sala de aula. Isso significa que pensamos atividades que possam aproximar os alunos em prol de alguma tarefa em comum, estimulando a relação deles entre si e que a partir desta relação eles possam também se desenvolver enquanto pessoas para a vida.
Não é tarefa fácil e nem sempre dá certo.
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Tem uma história...
Ouvi uma excelente professora de biologia falando, no recreio, sobre um caso específico. Um aluno, sexto ano, acho, não se mostrava aberto a nenhuma atividade. Além de resistente, agia de forma agressiva. Segundo ela, a agressividade tinha um teor melancólico, uma espécie de compensação de sentimentos, uma ferida ainda aberta que se manifestava através da raiva, mas uma raiva não genuína, uma raiva triste. Chamaram o pai do menino. A mãe, havia falecido de câncer depois de dois anos padecendo da doença. O menino indignou-se. O mundo é o culpado. E nós estamos no mundo!
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O episódio é avassalador.
A professora logo pensou em um detalhe que faz parte do pensamento de um professor sensível: como integrá-lo ao mundo inimigo?, como acolher aquele menino destruído pela perda da mãe? Ou seja, seu pensamento pedagógico deu espaço ao pensamento social.
Faz parte do “ser” professor este pensamento – social – sensível.
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Ou melhor, faz parte do “ser” humano.